A imprensa local, à semelhança de muitos outros casos no país, dará ênfase ao golpe militar a partir de maio de 1974 e procurará informar os cidadãos de todas as movimentações.
A imprensa local concelhia não deixará de fazer eco do período revolucionário que o 25 de Abril inaugurou. Em particular, os periódicos “Progresso da Murtosa” e “Concelho da Murtosa” são quem transmitirá aos cidadãos, desta vez sem censura, os ecos da liberdade recém-conquistada. Apenas a partir de maio, à semelhança de muitas outras realidades locais na região de Aveiro, é que começam a surgir, com mais frequência, as notícias referentes à Revolução. No seu número de 10 de maio, o “Progresso” conferia a primeira página às palavras do Prof. Jaime Vilar que, glosando o tema da liberdade, refere que o país tinha ressuscitado, pois “ as Forças Armadas, as Gloriosas Forças Armadas, levantaram do sepulcro, ainda vivo, o corpo amordaçado de Portugal”. De forma premonitória, parecendo adivinhar os tempos de efervescência política do “verão quente” do ano seguinte e procurando apelar às responsabilidades de todos e de cada um, adverte: “Apareceram flores na nossa terra. Não as deixemos murchar”.
É, igualmente, colocando a tónica na responsabilidade, que também a 15 de maio o “Concelho da Murtosa” dará conta da nova era que se abriu ao país. E para que, desde cedo, se conheça a figura de quem lidera - ainda que provisoriamente - os destinos do país coloca, em primeira página, o retrato do novo Presidente da República, General António de Spínola.