A Comissão Administrativa Provisória regerá os destinos do Município já sob os valores da democracia e tolerância. Momento decisivo para perscrutar as necessidades das populações, procurando uma resposta rápida para as questões mais prementes.
Com a vontade da mais ampla participação democrática a Comissão Administrativa irá, por diversos meios, manter contacto com as populações. Pretende o novo executivo granjear apoios e solidariedades junto do povo nestes momentos de indecisão e dificuldade logo após o golpe militar que depôs o Estado Novo.
A 14 de maio, na segunda reunião, a Comissão Administrativa Provisória da CMA decide fazer um comunicado “Ao povo do concelho de Aveiro”, divulgado na imprensa local e em panfleto próprio, em que solicita a colaboração de todos “[…] no sentido de fazerem chegar à Câmara informações sobre casos que sejam do seu conhecimento e se afigurem importantes, pois a recolha desses dados poderá́ facilitar, a quem nos vier substituir, um rápido contacto com as carências mais prementes do concelho.”
O carácter provisório destas Comissões (chegou, até, a pensar-se que seria por dois ou três meses: foram mais de dois anos e meio), as carências financeiras vividas, a inexperiência de muitos dos que as constituíram, levou a “[…] que não tivesse sido possível proceder à estruturação e planificação de obras a médio, ou sequer a curto prazo”.
Em Aveiro, o Dr. Flávio Sardo, Presidente da Comissão Administrativa, afirmaria, aquando da despedida a 28 de dezembro de 1976: «Não parto com saudades do cargo que desempenhei [pelas dificuldades aludidas e pelo “trabalho árduo e penoso”]. Apenas sinto saudades da equipa com quem trabalhei durante todo este tempo.»”
O estabelecimento de relações diretas com as populações do(s) município(s), a que elas não estavam habituadas, é a marca indelével do poder autárquico construído no pós-25 de abril.