Em termos de comunicação social, até 25 de abril de 1974, a maioria dos jornais era obrigada a enviar provas à Comissão de Exame Prévio, que procedia à censura dos seus textos.
A Liberdade de Expressão era algo alheio ao cidadão português.
A Comissão de Censura era uma das entidades mais temidas pelos órgãos de comunicação Social. A ação censória abatia-se sobre todos os aspetos da sociedade portuguesa. No âmbito cultural, ela é particularmente sentida nas artes do espetáculo, na circulação de livros, nas artes plásticas…
Nas redações dos jornais existia um elemento a quem cabia a função de, diariamente, e por vezes mais do que uma vez ao dia, deslocar-se à sede da Comissão de Censura da respetiva área, levando o material a submeter a exame (provas de granel). Estas provas deveriam ser apresentadas em triplicado (exceto em Lisboa onde apenas exigiam provas em duplicado). Ao jornal regressava uma das provas, "riscada a encarnado" pelos Serviços de Censura do Norte, ou a Azul pelos Serviços de Censura do sul, onde constam dois carimbos: um dizendo "VISADO" (ou "VISTO", após a Lei de Imprensa de 1972) indicando a localidade da Comissão de Censura, o outro indicando o resultado do exame - "AUTORIZADO", "AUTORIZADO COM CORTES", "SUSPENSO", "RETIDO" OU "CORTADO" (ou, após a Lei de Imprensa de 1972: "AUTORIZADO", "AUTORIZADO PARCIALMENTE", "DEMORADO" OU "PROIBIDO").
Mas a censura não se cingiu à imprensa. Na literatura, por exemplo, as tipografias, antes de colocarem um livro em circulação, tinham de enviar ao Secretariado Nacional de Informação (SNI) um exemplar de cada obra impressa. Qualquer edição estava sujeita a ser apreendida, mesmo depois de publicada. Com tantos condicionantes, os escritores engendravam diferentes formas de passar a sua mensagem de protesto, recorrendo frequentemente ao uso de metáforas. Assim, palavras como "Aurora" ou "Amanhecer" passam a significar "Socialismo"; "Primavera" - "Revolução"; "Camarada" - "Prisioneiro", "Vampiro" - "Policia" e "Papoila" - "Revolta Popular".
Também nos serviços públicos havia regras de conduta e pugnava-se pelo comportamento ordeiro e pela eficiência dos serviços.