Composição com diversos materiais de propaganda política
Composição com diversos materiais de propaganda política
08/08/1975
A pluralidade política em tempos do PREC
Liberdade e Democracia
O Processo Revolucionário em Curso (PREC) ficou marcado, em particular no ano de 1975, pela forte crispação ideológica que motivou confrontos diretos um pouco por todo o país, num período de agravada instabilidade.
É neste contexto que os partidos políticos procuram ganhar o apoio das populações recorrendo a comícios e diversos materiais de campanha.
O PREC (Processo revolucionário em Curso) é um período da nossa história contemporânea, marcado pela forte e controvérsia agitação política e ideológica, balizado entre a revolução de 25 de Abril e a aprovação da Constituição da República Portuguesa, em 1976. O verão de 1975 ficou conhecido como o “verão quente”: sentiam-se as altas temperaturas da política, mas também o país era assolado por devastadores incêndios, como se percebe pelas notícias na imprensa local. Também eram notícia, um pouco por todo o país, as ocupações de fábricas e de propriedades, os saneamentos de patrões e encarregados, o surgimento de grupos de contrarrevolução e os confrontos diretos nas ruas. O país era, assim, disputado rua a rua, voto a voto, em cada vila e cidade por uma plêiade de partidos e organizações políticas que Abril fez nascer. Igualmente, um pouco por toda a área geográfica do Município de Estarreja, se faz sentir este pulsar revolucionário, muitas vezes enquadrado em partidos e organizações político-partidárias.
A imagem que acompanha este texto é uma súmula de alguns dos materiais de propaganda política (da coleção José Fernando Correia cedida ao Arquivo Municipal de Estarreja) que, desde a Revolução dos Cravos até às eleições legislativas de 1976, circulam por todo o país. Estes destinavam-se, não apenas a dar a conhecer os novos símbolos e as novas organizações que procuravam corporizar a democracia, mas eram, igualmente, forma de angariar de fundos para essas mesmas organizações. Além do seu valor comunicacional para persuasão das populações e de alguma irreverência artística, fica-nos também a memória da multiplicidade democrática, realidade nova num país que aprendia a conviver em democracia.