Ofício da Comissão para a Condição Feminina, 28.02.1975
Ofício da Comissão para a Condição Feminina, 28.02.1975
25/02/1975
O papel da mulher em democracia
Liberdade e Democracia
Com o advento da democracia a mulher portuguesa passa a ter, progressivamente, um papel mais interventivo nas várias esferas da sociedade, incluindo na participação e representação política.
A Comissão para a Condição Feminina é um órgão criado para monitorizar e coordenar as ações e políticas relativas às mulheres.
Uma das principais alterações que o 25 de Abril trouxe foi a progressiva participação da Mulher nas diversas esferas da vida coletiva. É hoje bem conhecido o papel reduzido que lhe foi conferido pelo Estado Novo e não admira, por isso, que em pleno Processo Revolucionário em Curso (PREC) a Comissão para a Condição Feminina procurasse indagar da participação política e cívica da mulher no novo regime democrático. Em 1975 realiza-se, no México, a I Conferência Internacional da Mulher sob o lema “Igualdade, Desenvolvimento e Paz” o que irá trazer, inevitavelmente, reflexos para o plano interno do país, então em vibrante crispação ideológica. A Presidente da Comissão para a Condição Feminina irá remeter ao Município de Estarreja uma missiva no sentido de obter dados estatísticos e aferir até que ponto estavam em marchas as promessas e as conquistas da Revolução.
Em resposta ao ofício que acompanha este texto, o Presidente da Comissão Administrativa informa que, em Estarreja, nenhuma mulher se encontra integrada na Comissão Administrativa da Câmara Municipal, composta, ao tempo, por 7 elementos. Ressalva, todavia, que há mulheres integradas nas Comissões de Recenseamento das Freguesias, importantes órgãos na preparação dos diversos atos eleitorais em liberdade. Fica-nos a curiosidade de que duas mulheres compõem essas comissões, respetivamente, nas freguesias de Fermelã e de Pardilhó.