Um povo inteiro vivera confinado à ideologia dominante, tendo na generalidade apenas acesso à instrução básica. Apenas alguns, de classes economicamente mais favoráveis e aqueles com mais capacidade e vontade de aprender e melhorar a condição geral de vida, acediam a níveis de escolaridade médias e ainda menos, acediam a níveis de ensino superior. A Fundação Calouste Gulbenkian, criada em 1956, dedicada a promover a arte, beneficência e educação, no ensejo de melhorar a qualidade de vida das pessoas, aproveitou através de carta datada de dezanove de maio de mil, novecentos e setenta e cinco, comunicar o objetivo de ampliar e melhorar os serviços da biblioteca, a fim de “acelerar o processo de promoção sócio-cultural e de esclarecimento político das populações”, algo totalmente proibido e impensável em Ditadura.

Logo no início de 1976 o Governo Civil do Distrito de Aveiro, remete a circular número 10, de 7 de janeiro, com instruções sobre a forma de realizar “reuniões, comícios, manifestações ou desfiles em lugares públicos”. A Comissão Administrativa acolhe de imediato o teor da referida circular e aprova por unanimidade dar-se conhecimento público por meio de avisos a serem lidos pelos párocos e outros para serem afixados nos lugares públicos. Promovia-se, assim, no Concelho de Sever do Vouga, a liberdade de reunião e associação, anteriormente proibidas.