O 25 de Abril marcou o fim da guerra e o início de um novo capítulo na história do país. Em Albergaria-a-Velha a Comissão de Apoio aos Retornados foi um exemplo importante da solidariedade e do apoio que a comunidade local deu aos retornados.
Presidente nomeado durante o Estado Novo é escolhido em Liberdade
1969
José Nunes Alves, nomeado no último mandato do Estado Novo em 1969/74, é Presidente da Comissão Administrativa de 1974/76 e é reeleito nas primeiras eleições, assim como alguns presidentes de Junta, mostrando que na política local quase nada mudou.
A Lei do Condicionamento Industrial durante a ditadura militar e Estado Novo regulou a criação de novas indústrias, garantindo que apenas são fundadas aquelas com potencial. Todas as ações sociais que a Alba executou foram reconhecidas pelo Governo.
Apesar das ações repressivas e de censura houve quem, em Albergaria-a-Velha, tivesse tido a coragem de manifestar opinião livre e para fomentar os ideias da liberdade. Como figura influente na região, não era grandemente censurado, mas em algumas ocasiões, o conhecido advogado albergariense Vasco Mourisca procurou, com a sua ação, o esclarecimento dos seus concidadãos, o que lhe chegou a valer alguma oposição e bloqueio de algumas das suas publicações.
Mário Sacramento e os Congressos Republicanos (ou da Oposição Democrática)
1969
Mário Sacramento foi figura central nos três Congressos de Aveiro: é dele a ideia da apresentação de teses que, constituindo um profundo estudo da organização social, política, económica,... do país eram, depois, discutidas nas diferentes sessões.
Sempre realizados em anos de eleições, os Congressos Republicanos de Aveiro (e, posteriormente, da Oposição Democrática, em 1973, enquanto sinal da unidade das oposições) foram, nas palavras de Costa e Melo, uma “necessidade mental de respiração intelectual”, e representaram momentos chave na construção de alternativas democráticas a um regime anquilosado.
O último Presidente de Câmara indicado pelo Estado Novo toma posse a 24 de abril de 1974 e, apesar dos tempos incertos dos primeiros tempos da revolução, assegurará durante alguns meses os destinos do Concelho.
A realidade oliveirense nas últimas eleições do regime para a Assembleia Nacional, em 28 de outubro de 1973, evidencia a restrição ao direito de voto. O processo eleitoral, durante o Estado Novo, tinha diversas restrições, não permitindo o voto universal.
Durante o Estado Novo, eram várias as dificuldades sentidas quer pela população em geral, quer pela mulher, em particular. As Instituições faziam por manter a ordem aparente, retratada pela imprensa, e calar as eventuais revoltas.
Américo Tomás, Presidente da República no período de 1958 a 1974 visitou o Município de Anadia em três ocasiões distintas: em 1959, para visitar o concelho, em 1971, para a inauguração da S.I.S. - Veículos motorizados, Lda. e em 1974 para a inauguração da, então, Escola Preparatória José Luciano de Castro.
A censura, a falta de liberdade e a repressão eram fatores que impediam os cidadãos de se expressarem e manifestarem contra o regime instituído por Salazar. A oposição era feita clandestinamente, no anonimato, através de mensagens subtis que indiretamente enfrentavam o poder.
O Estado Novo procurou defender e difundir os valores de um Portugal pluricontinental e fomentar a legitimidade sobre as antigas províncias ultramarinas.
A Educação, no Salazarismo, tentou “enquadrar” os portugueses, moldando-os pela doutrinação política na Escola. Assim, o Salazarismo praticou “Educação” – inculcação de valores e não apenas instrução – o ensino de métodos, técnicas e práticas científicas.
O Recenseamento eleitoral era censitário. Ou seja, homens, chefes de família com estudos, rendimentos ou que pertencessem a instituições do Estado. Uma das instituições de grande referência em Águeda era a Escola Central de Sargentos.
A Guerra Colonial dividiu a sociedade portuguesa, gerando protestos e debates sobre a legitimidade do império colonial e o custo humano da guerra. Cinquenta anos decorridos, o seu legado continua presente na memória coletiva portuguesa em geral, e na lembrança dos munícipes ilhavenses, em particular.
As autoridades do Estado Novo procuraram controlar os vários aspetos da vida coletiva e conformar as mentalidades ao regime vigente. Todas as instituições do regime procuraram glorificar a ditadura e a manutenção da ordem.
Em termos de comunicação social, até 25 de abril de 1974, a maioria dos jornais era obrigada a enviar provas à Comissão de Exame Prévio, que procedia à censura dos seus textos.
A Liberdade de Expressão era algo alheio ao cidadão português.
O complexo mineiro das minas do Braçal, inclui as minas do Braçal, da Malhada e do Coval da Mó e estendiam-se ao longo do rio Mau. Constituiu a mais antiga concessão mineira portuguesa, registada com o número 1 e permitiu a exploração de um dos maiores jazigos mineiros da região de Aveiro.
É com a liberdade de Abril que a imprensa pode relatar, sem censura, as movimentações, opiniões e demais acontecimentos políticos que se viviam. Sem censura também a imprensa local procurará manter a opinião pública informada.
O 25 de Abril foi um momento de renovação e mudança um pouco por todo o país. também em Ovar se sente o início de um tempo novo onde haverá lugar a uma maior participação popular.
A Comissão Administrativa Provisória regerá os destinos do Município já sob os valores da democracia e tolerância. Momento decisivo para perscrutar as necessidades das populações, procurando uma resposta rápida para as questões mais prementes.
O 25 de abril trouxe para a ribalta muitos dos cidadãos que, há anos, se destacavam na luta contra o Estado Novo e que integrarão a Comissão Administrativa Provisória da CMA que assegurará a gestão do Município até às eleições autárquicas de 1976.
O 25 de abril levou as pessoas para a rua para festejar o bem precioso que, sentiam, lhes fora devolvido: a Liberdade. Sucederam-se as manifestações espontâneas de regozijo, de festa, os abraços, os sorrisos, as palavras de ordem.
Em dezembro de 1976, com as primeiras eleições autárquicas no pós-25 de Abril, as personalidades escolhidas democraticamente pelo povo de Oliveira do Bairro constituíram os órgãos executivo e deliberativo do Concelho.
Com a instauração do regime democrático as populações passaram a ter voz ativa nestas escolhas através de um processo eleitoral livre, onde ganha especial relevo a real instauração de um poder local e o voto das mulheres.
Em dezembro de 1976, e depois dos atos eleitorais que definiram a Assembleia Constituinte e escolheram o Presidente da República, era tempo de se elegerem os órgãos autárquicos.
Chegado o ansiado momento de todos poderem participar na eleição de quem representará e governará o futuro do País, em Águeda, o panorama eleitoral foi marcado por se ter realizado sem grandes sobressaltos.
Os primeiros atos eleitorais no Pós 25 de Abril, destinaram-se à eleição da Assembleia Constituinte, em 1975, e da Presidência da República, em 1976. Posteriormente, em dezembro do mesmo ano, teriam lugar as primeiras eleições autárquicas em liberdade.
O impulso da educação e da participação cívica das populações
1975; 1976
Novos ventos sopram na sociedade. A mudança política, social e cultural, ocorre inevitável e naturalmente, apoiada pelas sessões de esclarecimentos, muito em moda no período revolucionário.
O PREC e o "verão quente", marcados pelo radicalismo político, levaram a que as populações se manifestassem com alguma violência mesmo em meios que, em regra, eram pacíficos e criadores de consensos.
Resultante de uma verdadeira eleição popular democrática surgirá, em novembro de 1974, a primeira Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Murtosa para assegurar os destinos do Município nos primeiros tempos vividos em liberdade.
Com o 25 de Abril o país ganha direitos cívicos como a liberdade de expressão, de reunião e de associação. É nesse espírito que ocorrem diversos comícios com vista à eleição democrática da 1ª Comissão Administrativa da Câmara Municipal da Murtosa.
A imprensa local, à semelhança de muitos outros casos no país, dará ênfase ao golpe militar a partir de maio de 1974 e procurará informar os cidadãos de todas as movimentações.
Com o 25 de abril de 1974 há um exaltar da liberdade e a forte vontade de abolir todos os vestígios do antigo regime. É o caso de nomes de ruas, avenidas, praças, entre outros.
Manuel Rodrigues Lapa, natural de Anadia, Filólogo, foi uma figura marcante em Portugal. Para além do seu trabalho ao longo da vida, ficou também conhecido pela sua tese de Doutoramento, «Das origens da poesia lírica em Portugal na Idade Média». Era conhecido pelos deus ideais democráticos.
Na sequência do 25 de abril de 1974, o anterior Executivo Municipal presidido por Adelino Ferreira da Silva foi destituido e nomeada uma Comissão Administrativa, até a realização de eleições. Esta comissão foi presidida por José Rodrigues Pereira Rosmaninho.
As primeiras reações à Revolução de Abril foram contidas, surgindo a primeira notícia na imprensa local apenas a 4 de maio de 1974. As evidências da mudança de regime em Oliveira do Bairro constatam-se a 8 de maio de 1974 com transmissão de poderes para a Comissão Administrativa.
A materialização do direito democrático de reunião e associação.
1974; 1975
O direito democrático de reunião e associação, a fim de promover o desenvolvimento dos lugares, são possíveis, com a materialização de reuniões públicas, a constituição de comissões de camponeses e pela eleição de Comissões de Moradores.
A Revolução de Abril abriu espaço para significativas mudanças políticas, sociais, económicas e culturais. De repente, o povo apercebe-se que um regime antiquado, gasto pelo tempo, é finalmente derrubado, após mais de 40 anos no poder. O povo sentiu o fim da opressão do Estado Novo e encheu-se de alegria com a possibilidade de exercer os mais básicos direitos democráticos.
Abril aboliu a censura em Portugal e a liberdade de expressão passou a ser um direito fundamental para a consolidação da democracia, permitindo a disseminação da informação e o debate sobre questões políticas, sociais e culturais. Não obstante o fim oficial da censura, desafios persistiram. Em Ílhavo, também foi possível percecionar estas alterações à escala micro.
Após abril de 1974, o poder local em Portugal passou por profundas transformações, com a descentralização do poder e a eleição democrática de autarcas. Novas políticas municipais surgiram, promovendo participação cívica e o desenvolvimento local. Ílhavo também foi palco de mudanças.
As alterações na toponímia de Ílhavo, resultantes do 25 de abril de 1974, refletem o impacto político e social da Revolução dos Cravos em Portugal. O novo regime trouxe inúmeras mudanças, incluindo a revisão de nomes de ruas, praças e outras áreas públicas que homenageavam figuras associadas ao regime anterior.
A 27 de Abril de 1974, dois dias após a Revolução, notava-se a preocupação dos membros do Executivo quanto ao que poderiam esperar do novo contexto político.